Sentimentos não se aprendem

Toda a gente sente, até tu.
E quando te julgas fria, que não tens coração suficientemente grande para o fazer, enganas-te.
Enganas-te quando julgas que não chorarás mais, tal como te enganas quando partes e dizes que não foi nada, enganas-te e enganas-me! Porque não sei o que pensar de ti, não sei quantas vezes serão necessárias dizer que te necessito, não sei até se valerá a pena, pois sei que partirás; Nunca tarde, mas cedo.
E amanhã é tarde se te disser que és parte de mim, amanhã não chega pois viveremos sempre o presente, e agarrar-te-hei nele, para que me sinta alguém.
Sinto que sentes as minhas palavras, mas não sei se as interpretas da maneira correcta; Não quero saber. Senão que me abraces, sem pensares noutro assunto qualquer, levando aos poucos de mim, o que é teu.
E tudo isto é pouco; Pois o momento é o único que não fingirás, te entregarás e lá eu saberei por ti, o que não me queres dizer.
Porque penso que não te dei o suficiente, porque sei que nada de mim te toca simbolicamente, nem sei se o que é teu, me pertence: Apenas agarra-me, não deixes que te deixe.

Por Pedro Cerqueira » Terça-Feira Mai 18 2010 20:56

De lés a lés

Que horas são? Diz-me, pois perdi noção do tempo... E de mim.
Encontro-me ao relento, num prado à deriva, em que levadas são as flores por tempestades; E delas faço uso.
Para que me levem para longe de mim, para onde ninguém me possa ver, senão tu. E se não for hoje, que seja ontem; Pois amanhã será tarde. Demais ou a menos, não importa, desde que não te deixe arrefecer o calor que é meu, que contigo partilho.
O tempo passa... E deixemos que assim seja, pois temos tempo de viver. E se não tivermos, todo esse tempo será prioritariamente nosso. Todas essas horas são vagas, senão passadas contigo, ou quase; Apenas faço delas puros eufemismos, acompanhando-te comigo, espiritualmente. E desculpa se te roubo demais a ti, mas também me fazes falta.
Ironicamente, eu tentei, e por fim consegui saber parte das questões que me acompanham à tempos, infinitos, perdidos, desorientados; A verdade talvez seja que me deste uma ajuda, que de nada conta, se deitar tudo a perder.
A questão não será do tempo, mas sim no tempo em que o aplicamos.

Por Pedro Cerqueira » Segunda-Feira Mai 17 2010 18:10

Pais? Quais pais?

Como conseguem vocês pousar a cabeça na almofada de noite?
Que seja a vossa resposta muito boa, que seja uma boa razão, pois esta é a última vez que vos perguntarei.
Talvez nem tudo seja como dizem, ou diziam; Afinal não se dedicaram tanto quanto deviam, ou tanto quanto prometeram a vocês próprios.
Mas já devia eu saber, desde a minha infância que os 'Um dia vais ser feliz', apenas me iludiam. E eu sonhava...
Com uma casa, um quarto só meu, com vocês... Felizes.
Mas com o passar do tempo, vão-se queimando expectativas, deitando fora quaisquer esperanças ainda residentes dentro de algo que é inexplicável e que apenas reside naquele cantinho que não deveria morrer, acontecesse fosse o que fosse. Pois bem, mas o meu morreu, não por vontade própria, mas porque o assassinaram. Talvez esteja a ser injusto, mas não tanto quanto devia, não tanto quanto a vida foi comigo.
E assim, vos escrevo, sem destino, nem remetente para que saibam apenas que continuo a viver, e ser feliz sem vós, meus 'pais'.

Por Pedro Cerqueira » Segunda-Feira Mai 17 2010 17:34

O que faltou dizer

Estou tão perto de ti, que quase te consigo tocar...
Não por dentro, por fora. Pois é a única forma que consigo, ou acho que consigo. Talvez até esteja cego de tanto ver, talvez até me doam os ouvidos de tantas mentiras que ouço; Não me importo, pois és tu causadora da minha cegueira.
Finjo não precisar de ti, finjo que és só mais uma pessoa, finjo até que não te amo, mas enquanto selares os meus lábios com os teus, e fizeres de mim alguém que precisas, por muito mínima que seja a razão, eu continuo perdido em ti como nunca antes, como estou prestes a estar. E sempre que me perco, sempre que me fazes olhar o mundo de outra maneira, enquanto este se destrói, sou feliz.
No fim de tanta volta, soube que no fundo consegui tocar-te por dentro, não sei quantas vezes, não sei de que maneira, não sei se realmente o fiz bem ou mal, se estou nesta viagem a fazer número ou se sou número exclusivo. Não sei do que vivo pois o meu único sustento é o teu olhar, e a tua respiração tira-me a opacidade;
Não sei para onde vamos, sei que temos as mãos dadas,
Não sei brilham os meus olhos, mas os teus sim,
Não sei quantas estrelas estão postas no céu, sei que acompanho uma,
Não sei porque o faço, sei que estou aqui,
Não sei se devia, sei que me sinto bem,
Não sei se sabes, mas um dia te direi,
Não sei se estou perdido, sei que me encontraste,
Não sei se faço bem ou mal, sei que não foi em vão.
Confesso-te, em segredo, que nunca soube tão bem dar os mesmos passos, por caminhos diferentes;
Odeia-me quando me for embora, mas não me deixes ir... Nunca mais.

Por Pedro Cerqueira » Segunda-Feira Mai 10 2010 19:44

Et ied sodot so sianis

Cheguei.
O tempo que demorei? Não, não foi propositado, mas não digas que foi em vão.
Fiz-te esperar tempo demais? Para que soubesses que no fundo te faço falta.
Menti-te tempo demais? Para que agora possas acreditar nas minhas verdades.
Enganei-te quando te disse que preciso mesmo de ti? Não, nunca o fiz.
Por muito que o queira, nunca consigo esconder algo que sinto, ou não; Talvez foi exactamente por isso que descobriste que afinal não nos perdemos. Talvez só nos afastamos para que saibamos o quanto somos, ou quanto sabemos de nós.
E o que sabemos é que nem uma vida chegava......
Hoje já é dia, toda essa neblina foi-se, finalmente: Estás cá.
'Et ied sodot so sianis' - Sim, dei. Felizmente, tu percebeste todos eles.

Por Pedro Cerqueira » Sábado Mai 08 2010 20:53

Arquivo Morto

Questiono-me o que será de mim, daqui a uns tempos. A vida académica acabará, serei lançado num mundo que conheço quase nada, com tão pouca idade, e tanto para aprender.
Sinto-me tão infantil para o que sou, sinto-me nu no meio de uma multidão, sinto que sou pouco para as expectativas que criaram em meu torno... Mais uma vez.
O tanto que sei é tão pouco, e o que vivi ainda é mínimo.
Aprendi bastante até agora, sim, é verdade, mas não é o suficiente, não; Pois esta vida não é para os intermédios.
Quero ser alguém, mas não tenho estofo, quero ser grande, mas não me deixam crescer, quero ganhar, mas não há troféus.
No final de contas, aprendi, mais. Aprendi que esta é a vida que vivemos: Efémera se torna quando tentamos vive-la, e quando não a sabemos viver acabamos por não gozar dela quanto devíamos.
No fundo estamos todos cá para o mesmo, criamos tanto de nós, ou tão pouco, para nada. Ganhamos fama, ou não, para nada. Corremos atrás de objectivos, ou maior parte deles, para nada.
O Ser Humano nasceu para morrer, esse sim, é o único destino em que acredito, cada qual luta ou não pelo seu futuro, que querendo ou não, irá parar ao arquivo morto.
... Mas isto são só pensamentos de um idiota bastardo.

Por Pedro Cerqueira » Sexta-Feira Mai 07 2010 16:11

Degelo, o segundo

Não outro, apenas mais um.
E seguidos vêm eles; Tão seguidos quanto as letras que vejo aparecer sobre as linhas de um caderno.
Inconscientemente o ódio sai-me todo nestas palavras, e cada letra ofende-te em altos berros, que não ouves; Nem tu, nem ninguém que as despreze.
E parece inacreditável quantas figuras aparecem apresentadas na minha cabeça quando expulso todo este ódio em forma de letras, parece inimaginável quantas pessoas odeio realmente, mas a realidade é apenas uma: Fui e sou verdadeiro.
Quando te digo que te odeio, não minto, talvez infantilmente, confessei-me, sem pecar, poderá ser que para a próxima seja absolvido.
No final de contas fiquei sem perceber como um mundo consegue gelar em dezassete, quase dezoito segundos.

Por Pedro Cerqueira » Domingo Mai 02 2010 17:00

Degelo

Congelo, rapidamente, pois sei que o efeito passará em breve.
Não sei como, consegui frizar sentimentos, consegui esquecer-te por meio segundo e surge algo:
Ouvi dizer que essa tua terra tão fria acabou por gelar, provavelmente, tu serás mesmo causadora de catástrofes anormais; Apenas tu saberás em que anos viveste acordada, ou quando não estavas congelada, agarrada, a um iceberg morto, frio num todo, apenas branco à superfície; A verdade é que conseguiste; Tal como conseguiste voltar a ser musa de um poema bárbaro e imoral.
Condena-me, se assim quiseres, não serás a única, nem a primeira. Só quero que percebas que estou bem acordado, desde que saiba que o teu mundo gela se não estou por perto; Se talvez te enganaste quando fizeste de mim tão pouco que não conseguiste sequer fazer troça do meu pequeno mundo.
Pequeno sim, mas vivo.

Por Pedro Cerqueira » Domingo Mai 02 2010 17:00

Cansado grafite

Carvão, queimado, usado para ganhar valor.
Apenas o 'grafitar' ouves, os riscos que fazes no papel gritam bem alto, mas tu não te importas.
Tudo o que fazes, ou tentas, é superficial, apenas crias desilusões dentro de ilusões.
Crias as tuas crias, mas apenas para que elas fiquem grandes... Tão ou mais que tu.
E os suspiros demonstram o cansaço que carregas na cabeça, e o ódio que tens no peito;
Injustos são eles. Sozinhos, de mão dada a saudades dos momentos em que não os tinhas.
Mas que devias, para que fosse alguma coisa. É este o cansaço físico-psicológico que no fundo pesa, mais que eu mesmo, mas que aguentas, aplicando apenas força, sem esforço.
Talvez seja irracional o que descrevo, digo sinceramente, sem medo de mim mesmo. Sinto-me farto disto, as palavras não têm cor, nem relevo. É tudo pintado a grafite.

Por Pedro Cerqueira » Domingo Mai 02 2010 16:49