A renda

Sonhei contigo.
Sonhei que tínhamos um apartamento, só nosso, e que desse apartamento, tentamos arrumar todas as tralhas que alguém tinha ali deixado.
...
'Tanto que custa! Não sei se quero arrumar mais, e porque não deixamos isto aqui, e aquilo ali?!
Talvez não fizesse mal', disse eu.
Em gesto de indiferença, tu encolhes os ombros.
E assim tentamos viver.
...
Até que este apartamento tornou-se tão incomodo de viver, tão fechado, ofegante.
Mas tínhamos algo que nos unia, algo que nos fazia tentar: As janelas e portas desta.
Tentamos até que não conseguimos, mas lá nos fomos arrastando nesta vida monótona, até ao ponto de vivermos, agora, unidos por apenas uma única coisa: A renda.
'Não, nesta casa não dá mais, isto está uma bagunça, e a renda é elevada.' - Disseste.
E bem que tinhas razão, a casa estava cada vez mais mórbida, os quartos quase nem se notavam com tanta desarrumação.
Tu partiste, eu também.
E ali apenas ficaram, fantasmas, assombrando-a.
Mas sabes onde fui hoje?!

Por Pedro Cerqueira » Segunda Mar 22 2010 22:33

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